Real estate global: dados, IA, industrialização e clima ditam o rumo
O futuro do real estate já está em construção. Tecnologias emergentes, uso intensivo de dados, novos modelos construtivos e a preocupação crescente com eficiência energética e riscos climáticos definem as regras do jogo.
Com o objetivo de entender, filtrar e traduzir em oportunidades o que há de mais avançado no mercado global, a Terracota Ventures organizou recentemente uma missão do Terracota Insider a Nova York e Boston. O Insider é um grupo de empresários e executivos do setor imobiliário que, apoiados pela Terracota, busca antecipar tendências e transformá-las em novos caminhos de negócio.
A escolha de Nova York e Boston não foi por acaso. Nova York é o coração financeiro do mercado global, concentrando fundos de investimento, venture capitals e empresas com atuação em todo o planeta.
Já Boston, ancorada pelo MIT e um ecossistema robusto de pesquisa e inovação, é um polo de tecnologias emergentes, principalmente em áreas de climate tech, materiais e processos de construção avançados. Dessa combinação surgiu um panorama abrangente do que está por vir e como podemos aplicar esses aprendizados no Brasil.
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“Para muitas decisões, ainda operamos no feeling, sem suporte robusto de dados”, comentou um dos participantes do Insider durante o debate. Nos EUA, a abordagem é diferente: estruturas sofisticadas de dados e algoritmos de inteligência artificial (IA) estão otimizando desde precificação de empreendimentos até aprovações de projetos, usando ferramentas de multi-agents.
Empresas com foco em dados — como a CoStar, com valuation na casa das dezenas de bilhões de dólares — mostram que o valor não está apenas na informação bruta, mas na capacidade de cruzar dados internos e externos, criando insights acionáveis.
Como aplicar no Brasil? Comece pequeno. Organizar as informações internas, extrair relatórios mais precisos e testar soluções de IA generativa em etapas específicas (como estudos preliminares de projeto) já traz ganhos. Segundo um insider, “implantar o básico em dados e processos já nos diferencia, pois a maior parte do mercado ainda toma decisões intuitivas.”
A industrialização da construção aparece como promessa constante, mas mesmo nos EUA ainda enfrenta desafios. “Perguntamos a um líder do setor sobre o modular offsite e ele descreveu o processo como ‘frustrante’”, relatou um dos participantes.
O motivo? Custos elevados, cadeia de suprimentos complexa e viabilidade restrita a determinados nichos, principalmente projetos de locação. No Brasil, a lição é clara: industrializar sim, mas com realismo, começando por processos incrementais — BIM, automação e padronização de partes da obra —, sem acreditar que a solução surgirá da noite para o dia.
Em Boston, a conversa com fundos e startups deixou uma mensagem inequívoca: o clima já impacta a operação imobiliária. “Seguradoras americanas têm dificuldade em precificar imóveis em regiões expostas a eventos climáticos extremos”, comentou um investidor durante o webinar. Ao mesmo tempo, prédios “passivos”, que privilegiam isolamento térmico e redução de consumo energético, ganham força e começam a ser exigidos por regulamentações.
No Brasil, embora a matriz elétrica seja mais limpa, a pressão por eficiência e conforto tende a aumentar. Áreas como gestão hídrica e resiliência contra eventos climáticos extremos já estão no radar. Segundo um insider, “o impacto na operação diária já é notável, e quem se adiantar e incorporar soluções sustentáveis terá diferencial competitivo.”
As conversas em Nova York e Boston deixaram claro o interesse pelo mercado brasileiro. Fundos, construtechs e proptechs globais buscam parcerias e oportunidades por aqui. Como bem resumiu um dos participantes: “Há um reconhecimento internacional de que o Brasil tem demanda, criatividade e espaço para soluções escaláveis. Eles querem entender nosso mercado e, em contrapartida, podemos absorver as melhores práticas de lá.”
Esse intercâmbio se traduz em acordos com universidades e centros de pesquisa, testes-piloto de novas tecnologias e maior interação com fundos globais.
“Não se trata apenas de conhecer o que vem lá de fora, mas de filtrar o que faz sentido e colocar em prática”, reforçou um dos convidados durante o webinar. Os participantes do Insider já retornaram ao Brasil impulsionados a:
Para a Terracota Ventures, a viagem reforçou a importância de atualizar continuamente o radar. Afinal, o futuro do real estate não é só sobre construir prédios, mas todo um ecossistema integrado, resiliente e sustentável.
“Para mim, ficou clara a necessidade de parar de tomar decisão apenas no feeling. Dados e IA podem mudar o jogo.”
“Não adianta esperar que o offsite resolva tudo. Temos que melhorar nossos processos internos, pois nem lá fora há uma fórmula mágica.”
“Já enfrentamos eventos climáticos que nunca vimos antes. É hora de pensar em resiliência de longo prazo, não só em custo de curto prazo.”
“É interessante, nós fomos achando que íamos só aprender, mas acabamos recebendo muitas perguntas de volta. Eles estavam realmente interessados em entender melhor a nossa realidade no Brasil.”
“A questão da eficiência energética apareceu em quase todas as conversas. Existe um receio sobre a matriz, e já começam a surgir regulamentações que vêm de cima, exigindo padrões mais avançados.”
“Nos Estados Unidos, quando perguntamos sobre offsite e modular, um player do mercado descreveu tudo em uma única palavra: ‘frustrante’. Eles enfrentam dificuldades muito parecidas com as nossas por aqui.”
“A força dos dados é tão grande que empresas como a CoStar, que começou fornecendo informações estruturadas, alcançaram um valuation na casa dos 30 bilhões de dólares, porque não entregam apenas dados, e sim negócios inteiros baseados neles.”
“A pressão regulatória por eficiência já está batendo na porta. O conceito de ‘passive house’ nos Estados Unidos não é mais tendência, é quase um caminho incontornável para novas construções.”
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