A indústria da construção está num momento positivo para inovar em busca de produtividade, eficiência e otimização
Nesta edição da newsletter Terracotta Expert Series: Canteiro Digital by Grua Insights vamos falar sobre as tecnologias mais promissoras, de acordo com estudo recente da Deloitte, para impulsionar a produtividade e reduzir custos em projetos de construção.
Também jogaremos luz sobre os primeiros passos para adotar tecnologias inovadoras em empresas de construção, incluindo a inteligência artificial. Sempre considerando a realidade do setor, que ainda é um dos mais atrasados com relação à digitalização, e a escassez de recursos financeiros, que impede grandes investimentos.
Falaremos sobre o que foi discutido no Construsummit 2024 e o que tem acontecido no Brasil e no mundo em relação a canteiros digitais, incluindo os impactos potenciais da reforma tributária no processo de industrialização da construção.
Vamos nessa? Boa leitura!
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No estudo “As 12 tecnologias que mais impactarão o futuro dos projetos de capital”, lançado no final de agosto, a Deloitte afirma que a sociedade está vivendo um superciclo tecnológico.
Ou seja, um momento em que “a convergência tecnológica promove um período prolongado de avanços significativos e inovações que impulsionam um crescimento econômico substancial, transformação e produtividade em diversos setores”.
Tais ciclos são marcados pela adoção generalizada de tecnologias com potencial para transformar fundamentalmente indústrias e sociedades.
E quais seriam essas soluções inovadoras?
Na visão da Deloitte, podemos esperar um crescimento significativo das seguintes tecnologias na indústria da construção:
Resumindo: cenário propício para acelerar a adoção de novas tecnologias.
Em meio a tal zeitgeist tecnológico e ainda bastante atrasada na digitalização, a indústria da construção vê o uso de dados se tornando prioridade para aprimorar a tomada de decisões, o planejamento, a engenharia e a execução de projetos.
Foi este o principal ponto da palestra de Fernanda Tauffenbach, sócia de Infraestrutura e Projetos de Capital da Deloitte, no Construsummit 2024, realizado entre os dias 4 e 5 de setembro, em Florianópolis.
Afinal, conforme ela explicou, o cenário mudou. A pressão sobre as margens de lucro aumentou e não aceita mais baixos índices de produtividade na gestão de projetos e no canteiro. Dentre os principais problemas apontados por ela estão a baixa maturidade orçamentária e os constantes atrasos em cronogramas, que levam ao desperdício de recursos de diversas naturezas.
Nesse contexto, a digitalização não é mais algo que as empresas de construção possam olhar apenas com curiosidade. É imperativo começar a inovar em processos.
“Quando há tecnologia envolvida em todo o processo, a redução é de 10% a 15% nos custos de construção em um canteiro de obras”, assegura.
Quanto às barreiras a serem superadas, Fernanda cita principalmente o desenvolvimento de habilidades e o custo inicial da adoção tecnológica.
Para superá-las, não tem outra forma que não seja o investimento em capacitação da força de trabalho e disposição por parte das empresas em assumir os riscos iniciais em busca de sobrevivência e crescimento no longo prazo.
A boa notícia é que o ideal é “começar pequeno, desenvolver um projeto-piloto e criar um ambiente onde o erro é aceitável, desenvolvendo o projeto em ondas”, conclui.
Em tempo, a IA e os dados, juntamente com a ampliação do crédito e a perspectiva de crescimento consistente, foram citadas no Construsummit como as principais oportunidades para o setor da construção brasileiro nos próximos anos.
Como desafios, a já bastante disseminada escassez de mão de obra, a sustentabilidade e a reforma tributária. Todos pontos que podem ser muito beneficiados pela tecnologia. Neste último caso, as mudanças propostas pela mudança na forma de tributação no Brasil terão impacto direto na forma de construir, com potencial para aumentar a tecnologia dentro do canteiro.
De acordo com o relatório Impacto da Reforma Tributária na Construção Civil, elaborado pela Grua Insights em parceria com o Sienge, a reforma tributária será indutora de industrialização na construção, já que estabelece a mesma regra de cálculo de tributos para todos os sistemas construtivos. Além disso, passa a exigir um conhecimento e um controle muito mais afinados sobre os materiais de construção, o que beneficia o uso de soluções digitais dentro do canteiro.
Não apenas dá, como talvez a única maneira de chegar a um amplo uso de Inteligência Artificial na construção seja a partir de ondas de adoção.
Afinal, para essa tecnologia o contexto é um insumo bastante valioso, já que constrói seu valor a partir do que entende de cada cenário. E como esse entendimento se desenvolve? Dados!
Sem uma base rica e consistente a IA não consegue entregar nada. Em uma indústria convencional, que passa 24 horas por dia operando os mesmos processos, o enriquecimento da base de dados é quase natural. Basta um parafuso começar a vibrar mais do que devia e a IA pode alertar para o problema que se desenha.
Numa indústria em que cada canteiro tem desenho e cada projeto características que pouco ou nada se repetem, a IA precisa de ainda mais contexto para entender os padrões. Logo, é de se esperar que as aplicações de IA na construção ainda sejam incipientes, mas elas precisam começar imediatamente.
Esse insight foi trazido à tona por Guilherme Brasil, diretor executivo de Tecnologia (CTO) da Softplan, durante sua apresentação no Construsummit 2024. “Não negligenciem, sob nenhuma hipótese, a construção e estruturação dos seus dados e a conexão com o seu cliente. Porque, se nós não tivermos isso, nenhuma técnica de IA, por mais avançada que seja, conseguirá nos ajudar”, aconselha.
É exatamente isso que Alexandre Frankel está fazendo na Housi, companhia onde ocupa a posição de CEO. Para ele, uma vez que o ponto em comum das empresas mais valiosas do mundo é o uso inteligente de dados, estes são os “novos tijolos” para a indústria da construção.
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O potencial dos dados é tão grande que vai mudar a lógica do negócio imobiliário, aposta ele. “Ao invés de um mercado empurrado, onde há um produto para a venda, entendemos que teremos um mercado puxado, quando há inicialmente um comprador e depois o produto”, explica.
Para isso, será cada vez mais necessário integrar a geração, a integração e o uso dos dados, incluindo o que acontece dentro do canteiro.
Como sugestão para começar a caminhar na estrada da IA, Guilherme Brasil indica o equilíbrio nos investimentos a serem feitos, pois a tecnologia é muito dinâmica e não é prudente apostar todas as fichas de uma só vez.
Na prática, o recomendável é começar a usar a IA para fazer acompanhamento de reuniões ou para verificação do uso de EPIs em canteiro, por exemplo. Um passo de cada vez, mas abrindo cada vez mais espaço para a tecnologia dentro das empresas de construção.
Com foco em evitar acidentes, a inteligência artificial está presente no canteiro de obras da construção do novo metrô de Paris, o Grand Paris Express.
Administradas pela Webuild, as obras contam com câmeras programadas para identificar situações de risco, como ausência de EPIs ou interações potencialmente perigosas entre pedestres e máquinas.
Ao identificar uma situação de risco, uma foto é tirada, o alarme soa e o sistema gera uma mensagem de texto descrevendo as irregularidades. Essas informações alimentam uma base de dados que cresce a cada dia, aumentando a acuracidade dos alarmes e das medidas de prevenção.
A Komatsu incorporou inteligência artificial em sua solução Smart Construction Edge para melhorar a precisão e reduzir o tempo necessário para o escaneamento de canteiros por drone.
A IA faz com que a ferramenta de mapeamento de terreno da companhia não considere obstáculos ao gerar a versão digital do canteiro, eliminando maquinário e outras interferências captadas pelo drone. Assim, não é preciso remover esses elementos manualmente, aumentando a velocidade de geração da nuvem de pontos.
É um momento oportuno para analisar - sob o ponto de vista da tecnologia - as oportunidades e os desafios atuais da construção civil no Brasil.
Do lado positivo da balança temos a inteligência artificial e os dados como principais promessas para a transformação digital do setor. Do outro lado, como obstáculos ao crescimento, temos a escassez de mão de obra, a reforma tributária e a sustentabilidade.
Ora, podemos inferir que as pontas estão conectadas, com um leque de oportunidades para transformar empresas de construção em organizações muito mais tecnológicas. Afinal, a reforma tributária induz a industrialização, que influencia diretamente na mão de obra demandada para execução dos projetos. Para funcionar bem, a industrialização da construção precisa estar associada a um uso mais organizado dos dados, o que nos conecta com a digitalização do canteiro e dos processos a ele associados.
Os ganhos de eficiência e produtividade proporcionados por uma melhor organização do processo levam a um ganho de sustentabilidade, indicando que todos os principais desafios atuais do setor podem ser endereçados a partir de uma forte conscientização acerca da digitalização das empresas de construção.
Nos resta começar a induzir cada vez mais a transformação digital dentro de nossas empresas, começando por conhecer e explorar quais são as tecnologias que estão atualmente disponíveis. E a Terracotta Expert Series: Canteiro Digital está aqui para trazer informações relevantes sobre tecnologia que contribuam com o seu ganho de conhecimento ao longo desta jornada.
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O primeiro programa destinado a empreendedores e investidores imobiliários